sexta-feira, 27 de maio de 2011
Cheguei ao auge da loucura, do masoquismo, da insanidade. Cheguei ao ponto de me olhar no espelho esperando te ver, de largar a porta aberta esperando você voltar, de dormir de olhos abertos só para ver se você aparece. Não tenho mais noção do tempo, porque parei de contá-lo assim que você saiu por aquela porta. Não pretendia memorizar os dias que passaria sem você. Pelo contrário. Dentro da parte sensata que havia restado dentro de mim, implorava para que os dias se arrastassem, e se misturassem. Implorei para que o sábado invadisse o domingo, o domingo e a segunda, e assim continuamente. Não queria passar mais de um dia sem você, por isso tentei alongá-los. 24 horas, 72 horas, 144 horas. Hoje percebo que não obtive sucesso. Tentei dormir mais do que devia, mas a cama me sufocava. O espaço vazio da cama, onde você deveria estar, na realidade. Me sufocava o desespero de ver o tempo passando… De ver a porta ainda aberta, meu coração ainda batendo, e você não voltando. Cheguei ao ponto de dormir no chão, por medo de me perder entre os lençois que ainda carregavam seu cheiro inebriante. Ao ponto de não querer escolher entre o lado feliz e o lado triste da cama… Bobeiras que surgiram com você. Bobeiras que agora, trinta e dois dias — que infelizmente não se alongaram — após a sua partida, significam mais do que deviam. Me perdi, me encontrei… E você ainda não está aqui. Cheguei ao ponto de te amar mais do que devia, e ver o tempo se esvair. Cheguei ao ponto de não me importar com isso… De querer me perder, pra ver se assim conseguia te encontrar… Mas então, sem forças para continuar, voltei a alongar os dias, e a esperar.